quarta-feira, 14 de abril de 2010

Fim-de-semana em Caué

Este fim-de-semana visitei o distrito de Caué, um dos mais pobres da ilha. Foram dias um pouco duros, mas muito produtivos. A convite dos elementos da AMI em S. João de Angolares participei num ciclo de conferências dedicado à Nutrição. Foram 3 dias de formação dirigida aos profissionais do Centro de Saúde onde se discutiram múltiplos aspectos relacionados com higiene, alimentação saudável, nutrição pediátrica e malnutrição. As sessões foram muito interactivas e, no final, acho que todos aprendemos através da partilha de diferentes experiências.

Houve ainda tempo para passar visita à enfermaria do Centro de Saúde e assistir a consultas em alguns dos Postos Comunitários. Uma experiência muito enriquecedora poder ver como se trabalha com ainda menos recursos do que aqueles disponíveis na capital. Numa povoação onde a água corrente e a luz eléctrica apenas estão disponíveis algumas horas por dia, e onde a população vive com muito pouco, a presença da AMI assume um papel central quer em termos assistenciais, quer na intervenção junto da comunidade.
À Carmen, ao Henrique, ao Luís e à Vanessa muito obrigado pelos dias excepcionais que me proporcionaram e pela recepção tão agradável em vossa casa.


Equipa participante nas acções de formação

Visita à enfermaria do Centro de Saúde (Dr. Henrique Cabral)

Um dos Postos Comunitários...

terça-feira, 6 de abril de 2010

Mais perto de casa...

A todos, mais uma vez vos peço desculpa pela escassez de notícias, mas hoje faço-vos uma actualização do que se passou nestes últimos dias.

A semana passada foi bastante intensa, com muito trabalho, mas permitiu-me sentir um pouco mais próximo de casa. Do Serviço de Medicina Interna do São João vieram a Drª Maria João Silva e o Dr André Gomes para realizarem uma série de acções de formação sobre hipertensão arterial e risco cardiovascular. Foram palestras muito interessantes onde, para além de se terem discutido aspectos teóricos, se tentou elaborar um protocolo de abordagem à hipertensão neste contexto de baixos recursos, quer ao nível dos serviços de saúde primários, quer a nível hospitalar. Discutiram-se também aspectos preventivos com o objectivo de reduzir o risco cardiovascular e todas as co-morbilidades que lhe estão associadas e que se apresentam como um problema emergente de saúde pública neste país. Os dois fizeram um óptimo trabalho e foram uma companhia excelente. Espero que tenham ficado com vontade de voltar.

Mas também houve tempo para actividades extra-hospitalares…

Os cuidados de saúde primários de S. Tomé e Príncipe funcionam em articulação com o Instituto Marquês de Valle Flôr num projecto designado Saúde Para Todos. Em cada distrito existe um Centro de Saúde onde diariamente se realizam consultas médicas e cuidados de enfermagem, com grande ênfase na Saúde Reprodutiva que aborda todos os aspectos da saúde das crianças até aos 5 anos, adolescentes e grávidas. Adicionalmente realizam-se consultas de especialidades em alguns dias da semana. Nestes Centros, alguns dos quais possuem pequenos internamentos, existem ainda farmácias e laboratórios onde se efectuam alguns perfis analíticos básicos, e que se revelam da maior importância quando, apesar das curtas distâncias, as vias de circulação se encontram tão degradadas que os transportes se tornam muito demorados. Adicionalmente, em cada distrito, existem 5 ou 6 Postos Sanitários com atendimento permanente por enfermeiros, e regularmente funcionam consultas de especialidades médicas. Existem ainda diversos Postos Comunitários que visam uma intervenção mais próxima das comunidades ao nível da Medicina Preventiva e dos cuidados sanitários. Na semana passada pude visitar dois distritos da ilha, o de Cantagalo e o de Mé-Zochi. O objectivo será tentar estabelecer uma ponte entre os cuidados primários e o hospital central que promova uma melhor assistência às crianças do arquipélago. Foi uma experiência muito boa que espero poder reproduzir nas visitas que ainda me faltam fazer a outros distritos.






Ontem, no Hospital e na presença do Sr. Ministro da Saúde de S. Tomé e Príncipe, foi apresentado o livro “Uso Clínico do Sangue”. Este manual reúne uma série de estratégias, normas e recomendações, elaboradas pela OMS e adaptadas à realidade deste país por um comité especializado, que visam promover a segurança global do uso de sangue e seus derivados, e minimizar os riscos associados às transfusões. Sem dúvida um documento que se revelará precioso numa realidade onde as transfusões são muito frequentes.