A dois dias do meu regresso a Portugal vou tentar fazer-vos um resumo do que aconteceu nestas últimas semanas.
De 16 a 23 de Abril, tive oportunidade de visitar a ilha do Príncipe no âmbito da colaboração com os cuidados de saúde primários. Esta é a ilha mais pequena do Arquipélago de São Tomé e Príncipe, com apenas cerca de 5000 habitantes. A primeira impressão ao chegar a esta ilha, à semelhança do que já tinha acontecido aquando da chegada a S. Tomé, é de que a natureza domina em absoluto, com a selva a recobrir quase todo o território. Um aspecto que me surpreendeu, sabendo das dificuldades que acompanham a vida num lugar onde o fornecimento de energia eléctrica e de água acontece apenas algumas horas por dia, foi descobrir aldeias com um aspecto muito cuidado, com as casas pintadas e com jardins relvados, bem como um povo que parece genuinamente feliz e que nos recebe sempre com um sorriso nos lábios.
Também o primeiro contacto com o Hospital Dr. Manuel Quaresma Dias da Graça foi bastante positivo. Com 3 médicos e 16 enfermeiros, conta com as valências de Medicina Interna, Maternidade, Pediatria e Estomatologia, apoiadas por um laboratório, uma farmácia e um serviço de radiologia. Adicionalmente, os serviços de saúde são compostos por 5 Postos de Saúde e 4 Postos Comunitários. Sendo uma ilha tão pequena e com tão poucos habitantes, alguns programas de saúde pública parecem ter aqui excelentes resultados como sejam as campanhas de vacinação infantil, o programa de combate ao paludismo ou o programa de tratamento dos doentes com SIDA. No hospital as minhas actividades consistiram na visita diária às crianças internadas, bem como na realização da consulta de Pediatria e, no final da semana, a impressão que ficou foi a de que globalmente os habitantes desta ilha eram bastante saudáveis, contrariando aquela imagem que temos de África e que, pessoalmente, tinha de S. Tomé, resultado, talvez, das minhas actividades no hospital central, onde são internados os casos mais graves. Foram muito raros os casos de desnutrição observados, nenhum deles grave, e, apesar da escassez de meios diagnósticos e de medicamentos, todas as crianças internadas evoluiram muito favoravelmente. Os últimos dias no hospital foram dedicados à formação geral em Pediatria com particular incidência na nutrição infantil, no reconhecimento da criança gravemente doente e no uso racional de antibióticos.
À chegada a S. Tomé mais uma surpresa agradável. Lembram-se da Sara e do Henrique? Estavam de volta para uma semana de “férias”. Da última vez que cá tinham estado surgiu a possibilidade da adopção de dois irmãos e teve início um processo que parece estar a correr a bom ritmo e que esperamos que brevemente permita o alargamento da sua familía. Foi muito bom revê-los e ver a sua felicidade junto das crianças. Espero poder repetir a experiência em Portugal quanto antes.
Também na Cáritas existem algumas novidades… Apesar de, no momento em que termino a minha missão sentir que muito ficou por fazer, já se notam muitas melhorias, fruto do trabalho das voluntárias que ali trabalham. Os bebés parecem estar de melhor saúde e é evidente a melhoria do seu desenvolvimento psicomotor. Da mesma forma, também o espaço físico se encontra melhorado e existe agora uma sala de actividades onde as crianças podem brincar e aprender. Mas, como disse antes, muito falta ainda fazer e lanço o desafio a todos aqueles que lêem este blog aqui em STP que “dêem uma mãozinha” para ajudarmos a melhorar as condições de vida destas crianças com vidas tão desafortunadas.
Na última sexta-feira chegou o meu “substituto”, o Américo, que dará seguimento ao nosso projecto de cooperação. O fim-de-semana foi passado fora da cidade, na praia e em ambiente de descontração que me permitiu uma última visita (para já) a alguns lugares dos quais levo recordações maravilhosas. Terminado o tempo de lazer teve início uma semana muito trabalhosa que espero que permita ao Américo a melhor integração possível neste país com tantas diferenças relativamente a Portugal. Aguardem notícias dele para breve. Quanto a mim, este será talvez o meu último post desde S. Tomé, mas espero poder continuar a contribuir para a melhoria dos cuidados de saúde pediátricos deste país uma vez no meu hospital.
Até breve.
2 comentários:
Antes de mais obrigada pelo vosso contributo aos daí (ST) e aos de cá (PT).
Sou uma futura mãe de um são tomense... iniciamos o nosso processo de adopção aqui em portugal e já enviamos o processo, pela SS, para aí. Nas minhas pesquisas por essas terras, virtuais, encontrei aqui um espaço que me deixa muito feliz. Bem haja. De qq modo gostaria de entrar em contacto convosco para tirar algumas dúvidas de quem nunca aí foi para quem aí viveu! Seria possível? Não encontro um email de contacto aqui.
Obrigada e desculpem esta minha intromissão.
Marta
É necessário que todas as crianças de nosso país pode receber a ajuda médica de que necessitam para que a política deve vir do Estado. Acho que pelo menos o ensino fundamental que oferecemos a todos os povos da nação como profissional estomatologia eu assistir a um monte de pessoas que não têm recursos livres a serem cumpridas em outro lugar.
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